sexta-feira, 28 de setembro de 2007

CLARIVIDÊNCIA


No ano que vem fui à Grécia,

Vi telhados brancos no ano que vem.

No ano que vem contraí amor,

E encontro aí, dor.

No ano que vem quase contraio sífilis,

E em contra partida, ri.

No ano que vem abusei de alcoóis,

Foi por chegar aos 50.

E tudo isso foi no ano que vem.

No ano que vem fui ao Marrocos,

E senti o que me fez, Fez.

No ano que vem fiz-me, ou fizeram-me mal,

Não me lembro quem me fez ou porque me fiz.

Fui cool no ano que vem,

Yuppie já havia sido no ano seguinte.

No ano que vem estive on-line,

Perdoem-me pelo tempo que passei em off...

E tudo isso foi no ano que vem.

No ano que vem, provei sabores e cores,

Não deu foi tempo de provar rancores.

Beijei bocas salientes no ano que vem,

Não que isso eu tenha que salientar.

Andei olhando pro chão no ano que vem,

E fui achado por aquilo que procurava.

Assim, não uso mais jeans no ano que vem,

Foi-se o tempo da liberdade e uma calça velha.

E tudo isso, foi no ano que vem.

Ano que vem, pousaste sua cabeça em meu colo,

Já havia feito-me apaixonar no ano seguinte.

Dancei valsas no ano que vem,

Como não havia feito no ano seguinte.

Recolhi conchas marinhas no mar do ano que vem,

Elas me aguardavam desde o ano seguinte.

Li poemas e crônicas nos jornais do ano que vem,

Estas também me aguardaram desde o ano seguinte.

No ano que vem quase que fui feliz,

E isso tudo foi no ano que vem.

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