sexta-feira, 28 de setembro de 2007

DE MUDANÇA

Hoje eu tenho um mote, estou de mudança, nunca soube ter tantas coisas até ver a quantidade de papelão feito caixas que já cobrem a parede enquanto 'aquele' armário não se esvazia. Hoje estou de mudança, os livros pesam e pô-los todos em uma única caixa seria uma covardia com os rapazes da empresa "Mudança Feliz". Os discos exigem cuidados, os vidros, nos quais eu costumo colocar bombons e flores, eu os embalo delicadamente em jornais que nunca li, mas sabia que guardá-los não seria em vão. Ainda não passei pela cozinha, banheiro, área de serviço e por um monte de lugares que me dão desânimo no pensar em desmontá-los.
Cuidei pra que meus quadros estivessem bem seguros, aqueles que pintei, que fazem sentir-me, Boticelli, as vezes Miró, Toulose e tantas outras vezes eu mesmo.
Tenho de guardar o filtro, tirar-lhe a água, bebê-la toda se possível for e embalá-lo como uma jóia preciosa, que o é, afinal ele me espanta os germes, se bem que existem germes bons e, ao remexer papéis achei, redescobri, escritos com letra feminina, redonda e miúdas, abarrotadas dos germes do amor, contraí, adoeci, febre alta de prazer, delírios de felicidade e claro, toda a loucura e lucidez que o bendito e micro cupido me traz.
Hoje estou de mudança, revejo você, enxergo-te, admiro-te e até te invejo. Tenho sim saudades do seu beijo, saudades do seu coração, que espero encontrar em meio a minha bagunça particular; o meu, sim o meu, que apesar de novo endereço ainda mora no mesmo lugar. O caminhão vai-se, o coração não muda, e tem endereço certo e definitivo, o meu coração fez do amor a sua casa e enquanto não se apresente uma ordem oficial de despejo, ele fica.
Se aí existe amor, é onde reside o meu coração.

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