terça-feira, 18 de setembro de 2007

DE PERNAS PARA O AR

Eu ou o mundo estamos de pernas para o ar ?
Não foi esse o futuro que li nos livros, não são essas as pessoas dos romancistas, não é esse o país que sonhei.
Tudo, definitivamente de pernas para o ar, tudo pelo avesso.
A policia é quem mete medo, pessoas aparentemente honestas (pelo menos durante as campanhas) corrompendo-se e deixando corromper, religiosos molestando meninos, geleiras milenares que resolveram derreter, um ar que não pode ser classificado como respirável, pessoas que não mais se abraçam, casais que não mais se beijam e homens que, invariavelmente, se matam.
E eu, preso na minha kitnet, minha soturna caverna, enquanto morcegos barões do tráfico, da corrupção e das falcatruas, andam soltos.
Vejo um mundo de cabeça para baixo, ou estou, como um velho e triste morcego, errado, completamente equivocado e donos da razão são os que vivem na luz.
Não sugo o sangue dos miseráveis, não cravo os dentes nos já cambaleantes assalariados, nem enxergo bem para rir-me do sofrimento alheio.
Morcego sou, morcego bom, "platonizo" minha vida e me ponho em minha gruta a preferir viver no mundo das sombras, e certifico-me de que, quem está na verdade de pernas para o ar, é o mundo real.

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