sábado, 22 de setembro de 2007

O FANTASMA NOSSO DE CADA DIA

Tenho tantos e poucos anos e, trago pra cada dia vivido um fantasma em especial.
Fantasmas são muitos, sempre soube fórmulas e antídotos pra afastá-los.
Fantasmas de prováveis dores;
Fantasmas de fins de amores;
Fantasmas de rebaixamento do meu time;
Fantasmas do desemprego, do destino, do futuro e da provável imensa conta de telefone por chegar.
Fantasmas, fantasmas, fantasmas...
Fantasmas na bolsa de valores, BUUUUU OU BUSH ?
Há também os fantasmas camaradas, aqueles que como o velho Gaspar (zinho, foi na minha infância), vez por outra se metem a anjo da guarda. Estes na verdade buscam te guardar, te proteger, mas usam de métodos tão poucos convencionais que quase sempre nos apavoram com suas possíveis aparições.
No vigésimo segundo andar, onde trabalho, me assusta o fantasma da entrada voluntária de aviões sob o comando de Laden.
Me assusta o fantasma da solidão, da morte, da disputa nos penaltys, do gol perdido...
Fantasma do pai que já se foi e que sei me vigia diariamente.
Quanto aos fantasmas do "além", já que venho apenas fazendo menção aos dessa dimensão, não deixo que eles me incomodem, mesmo que vez por outra os ouça fuçando pelo quarto ou até mesmo os veja no casaco pendurado por detrás da porta, velas acesas e saravás.
Já tive a oportunidade de trocar alguns colóquios com essas sombras voadoras, pedi notícias do lado de lá, confesso não foram animadoras, como se não bastasse o uso obrigatório do modelito branco em forma de lençol, soube não haver chopp gelado, caldo verde e música ao vivo. Hoje enquanto ainda por aqui, até tenho caprichado na gorjeta, mesmo mediante a uns tais dez por cento estampado no cardápio, com certeza esta dimensão ainda me é bem mais prazerosa.
Não vejo lá muita graça em passar os dias e noites em eternos BUSSS, cobrando dívidas passadas ou apenas se deliciando com o medo alheio do pavor do indecifrável.
Passo os meus dias, dos meus tantos e poucos anos, convivendo com sombras, medo ? Aprendi a driblá-los com o desprezo que me é típico, afinal tenho mais o que fazer do que ficar me esperneando em preocupações com tais aparições, velas acesas e saravás, até porque os respeito e não quero permitir que façam da minha já tão ocupada cabeça, sala de estar pra recreio de almas penadas.
Tenho tido paz, e meus fantasmas são bem terrenos e reais e, por sê-los há sempre a chance de afastá-los, mesmo que pra isso seja necessário adquirir outros, como por exemplo, o fantasma do cheque especial.

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