terça-feira, 18 de setembro de 2007

PINHO SOL

A vontade de escrever é muita, mas a inspiração é quase nada. Pensei em dar notícias, notícias do mundo, mas estas todos já sabem, e não só se tem o "Jornal Nacional" . Fazer uma poesia, mas nem poeta sou, falar em dores, nem é bem hora para isso, sobre a crise mundial do Petróleo, a falta de água, os desmatamentos, fórmula um, Osama Laden, enfim, escrever, colocar no papel um bocadinho de mim e do que penso.
Ainda não apareceu o tema, às vezes nem aparece, posso falar da música de Djavan, da poesia de Adélia, do gol do Romário, ando dando voltas por entre as frases por que não quero, não devo e nem preciso agora falar de aflições.
Estou aflito ? Tenho medo ? Assustado ? Em estado de verdadeiro pavor ?
Queria plantar uma árvore, mas no momento devo escrever !
Um beijo seria gostoso, mas o branco do papel também me dá tesão.
Seria prudente dormir e sonhar com um bom mote, um tema para uma belíssima crônica, mas com a inspiração, também se foi o sono.
Quase resolvido, penso que em poucas linhas poderia ensinar como extrair raios de sol do pepino, porém em bons livros de receitas esotéricas, este tema provavelmente já foi abordado.
Tenho de escrever, e já cheguei à vigésima linha, quantas devem haver para que seja um texto, uma crônica ou um encontro bem sucedido de palavras ?
Respiro mal, sinto-me ofegante, por vezes falta-me um tema assim como me falta o ar.
Um grande poeta uma vez disse-me, escrever e coçar, é só começar, isto na concepção dele, artista por natureza, em que ao pousar os dedos nas teclas, tudo fluía com uma naturalidade inexplicável, já eu, um mortalzinho qualquer, preciso, e muito, de um motivo, e hoje decisivamente não o tenho.
Vou ao banheiro ler a embalagem do "Pinho Sol". Quem sabe lá encontro razões para estar apertando o dedo nas teclas ?
No espaço aéreo de minha casa, o tráfego de pernilongos hoje é intenso, um bom motivo para discursar, mas não nutro lá muito carinho por eles, e não tenho o hábito de escrever sobre aqueles ou aquilo de que não gosto.
Meu computador não tem andado muito afiado em memória, andamos tendo alguns atritos, nada que chegue a atrapalhar o nosso relacionamento, aprendi com ele a ceder, e também não o acho tema para uma dissertação.
Fechei em meu dedo a porta do carro, mas já afirmei que não quero falar em dores.
Chove torrencialmente, mas complica falar sobre as armações da mamãe natureza, afinal ela é muito auto-suficiente e com certeza não me daria ouvidos, muito menos olhos.
Paro aqui, e vim muito longe já que nenhuma luz clareou minha mente literária; prefiro me contar histórias.
Era uma vez um escritor sem memórias...

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito Bom, digno de um verdadeiro escrito!

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