sexta-feira, 28 de setembro de 2007

A SONOLENTA DO TIETÊ


Já não sinto mais medo de São Paulo.
Desde muito pequeno me apavorava com a idéia de estar perdido entre aqueles enormes arranha-céus. Cidade louca né, o dobro de carros e avenidas que qualquer outra do Brasil, metrôs passando em desesperos tresloucados pelos nossos olhos, homens de terno sempre apressados, não se via calma naquele mundo veloz.
A minha imagem sempre foi televisiva e depreciativa, e tive medo, sempre evitando estar lá na paulicéia desvairada. Mas o destino não me poupou de ver e enfrentar de perto o meu pavor. Em uma viagem noturna em ônibus pouco confortável fui chegando perto do meu grande recalque, estava indo sim ao encontro de Lu, o meu grande e eterno amor.
O motivo era nobre e justo, mas o medo era constante em todo o decorrer de uma viagem com roncos que não eram os meus, os vizinhos pareciam não estar indo pra guilhotina como eu assim me sentia. A manhã se aproximou e adentramos a capital, tudo me pareceu muito calmo para a grande metrópole, pensei em Lu, me acalmei, desejei, já na rodoviária um bom descanso ao nosso motorista e pisei pela primeira vez no solo bandeirante por natureza.
Não vi garoa, e embolado em uma confusão de ombros, procurava por ela, lugar marcado tínhamos mas o destino novamente me fez vê-la como uma fada, subindo lentamente ao ritmo da escada rolante de encontro ao que seria o nosso primeiro e fatal contato. Nos conhecíamos pelas vozes ao telefone ou contatos internéticos, e algumas fotos é claro.
Como em ascensão ela veio chegando, não me viu em um primeiro instante, caminhei alguns passos ao seu lado, e à sua primeira percepção lhe acordei da inércia com um simples e tímido bom dia. Ela me fez abraçar, em seus tantos centímetros a mais que eu, me envolveu gostosamente como um grande afago. Nos falamos nervosamente e procuramos um café, afinal merecíamos.
A amei desde aquele instante, naquele minuto amei, amei São Paulo, seus ritmos apressados me soavam como música, sua imagem apavorante até então, fez-se quadro, não vi São Paulo, não vi os mesmos homens de ternos que me aterrorizavam, sei que passaram por mim, não vi a Sé, a Lapa, a Mooca, o Bexiga, Jabaquara...
Meus olhos não viam, eles sonhavam frente à imagem sonolenta e linda de Lu no Terminal Tietê. Inevitavelmente nos beijamos e, de olhos fechados, com meus lábios colados ao dela, vi São Paulo com o coração, vi que a felicidade não escolhe lugar, ela não marca encontros, a felicidade vem de escada rolante ou elevador ao nosso encontro e às vezes tem nome; Lu é o nome da minha.
Hoje vejo São Paulo ao fundo, no primeiro plano vejo o meu amor. O filme da velha máquina não deixa dúvidas..................... A cidade é linda !

4 comentários:

Flávio Nickel Noisy disse...

opa...que bacana esse blog hein rapaz... to lendo aos poucos e vou comentando tb aos poucos... abraçao... sou seu fã...lei no meu blog o artigo sobre publicacoes... acho q temmuito aver com nossas propostas...saiu no suplemento literario.

Rodrigo César Barros disse...

Opa! Te encontrei...

Glayce Santos disse...

...nossa, adorei! vc escreve perfeitamente bem! Sou paulista! Uma paulista perdida em Brasilia...rs
enfim
vc escrvee tão bem que me perdi, essa estória é real?

te likei, podia?

Anônimo disse...

É tão facinho te amar...
Se felicidade tem nome, Dil é o nome da minha.

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