terça-feira, 18 de setembro de 2007

SE MINHA RUA FALASSE...



Por mim passaram tratores, guerras e revoluções,
Em mim choveram confetes, granizos, raios e trovões.


Fui barro, pedra, solidão,
Amparei abraços, suportei os beijos, sustentei paixões.


Fiz o deslizar de bolas, levantei papagaios e rodei piões,
Subi alicerces, tijolos, casarios, ergui casarões.


Vi crescer fortunas, vi morrer avós e ouvi canções,
Palco de serestas, via sacra diária.

Passaram por mim operários, rodaram em mim patrões.

Tive vários nomes, nomes de gentes, cidades e letras,
Sendo presidente, fazendeiro ou nobre capitão.


Aprendi a vida, aprendi a lida, aprendi a dor,
Nos bares da esquina, no tombo, na sina, no calor do amor.


Sendo cama de ébrios, banheiro imediato, escuro de conspirações,
Me deito em curva, como água turva, escorreram em mim,
Carnavais, folias, noites quentes e frias e revoluções.


Pés descalços, fraternos, botinas de sola e ferro, sandálias de pescador,
Me arrancaram as pedras, me pisaram fundo, devolvi em perdões.


E no breu da noite ou no alvo do dia,
Inda sou fantasia, rua, nua e crua, palco de emoções.

Um comentário:

Anônimo disse...

ADILSON, ADOREI LER SUAS POESIAS. SAUDADES.

Colaboradores


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